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terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lúcida Sensatez Diurna

Lúcida Sensatez Diurna

Eu sempre fui todo Razão,
Com apenas um grão na mão,
De coragem,
E de loucura.

E foi a lucidez que me deu
A coragem
Para engolir
A semente
Dos sonhos, do saber.

Agora sou todo
Nada.
Eu tomei a loucura
E ela tomou conta de mim.

Com uma pequena Gota,
A viagem se dissolveu dentro.
Agora sou Oceano.

A vida é um barco.
E nele há um homem
Com um sabor doce de sensatez
Embaixo da língua,
Esperando para ser
Absorvida.

domingo, 15 de novembro de 2009

Depois da chuva

Depois da chuva

Em tempos estranhos,
Quando o Sol arde todos os dias,
Por horas a fio,
Dentro e fora do Coração,

No meio do mar de embriaguez,
Veio a chuva fina,
Que virou tormenta.

Ela cumpre seu papel.
E mesmo chovendo,
Ela secou os rios de prantos,
E dissolveu a dor
No Oceano da lucidez.

A chuva lava:
Molha,
Limpa,
E seca.

E hoje,
Depois de tudo,
Choveu.

E eu estou limpo.

Posso dormir em paz.

Amanhã eu acordo,
Levado,
Lavado,
Pelo som da chuva de hoje.

sábado, 14 de novembro de 2009

Talvez seja o destino...

Muitas coisas estranhas andaram acontecendo esses dias. E quando eu digo muita coisa, é porque é muita coisa mesmo.

Acho que a última semana inteira eu fui bombardeado por surpresas (ambas boas e ruins), situações inusitadas e muitas coincidências.

Hoje eu ia ao Noitão do HSBC. Talvez porque eu esteja indo muito ao cinema recentemente, para distrair a cabeça e adquirir um pouco mais de cultura. Talvez porque o Noitão seja um programa com a minha cara e que eu sempre gostei. Talvez porque eu não vou já faz um bom tempo. Talvez porque seja um dos últimos que eu poderei ir. Não sei ao certo se tinha um motivo específico (ou vários), mas eu queria muito ter ido hoje. Mas não fui.

A história é bem idiota, BEM idiota para falar a verdade. Eu passei o dia praticamente inteiro fora de casa, ocupado. Além disso, havia dormido somente 2 horas de ontem para hoje. Então eu estava bem cansado, assim que cheguei em casa, achei uma boa idéia dormir um pouco para não perder nenhum dos filmes. Cheguei em casa por volta das 20h e quando resolvi dormir deviam ser 20h20 por aí... Minha idéia era dormir até umas 22h00, aí eu acordaria, me arrumaria e iria para a Paulista, onde pretendia encontrar com uma amiga e dar aquela enrolada antes da sessão. Ainda pedi a minha mãe que caso eu não acordasse com o despertador, ela deveria me fazer levantar de um jeito ou de outro.

Acordei às 23h47, assustadissimo e olhei o celular. "PUTAQUEPARIU!"!!!! Fiquei possesso, gritei com minha mãe "Porra, não te pedi para me acordar quando o celular tocasse?", disse puto. "Mas o seu celular não tocou" respondeu ela com calma. E eu fui averiguar. O sinal de que o alarme estava ligado ainda estava lá, quase que rindo da minha cara. Ué, o alarme estava ligado ainda, por que não havia tocado? Foi quando resolvi checar... eu tinha posto o alarme para as 10h10, não 22h10. P-O-R-R-A!

Aí bateu aquele desespero. Será que eu tentava alucinadamente vestir qualquer coisa, sair correndo (já consegui fazer o trajeto casa-metro em 6 minutos) e ver se conseguia de alguma forma muito alucinada à lá "Corra Lola, Corra" chegar ao meu destino? Mas pareceu impossível (e cinematográfico) demais.

Depois bateu aquela depressãozinha básica de "Putz, que merda!". E a idéia de morgar numa sexta-feira 13, que eu já havia me programado para sair e me divertir, e que possivelmente, será uma das últimas sextas que terei livre por um bom tempo... A idéia de ficar sozinho em casa morgando não me agradava. Aí foi aquela coisa de entrar no MSN, Orkut para ver se tinha alguém online igualmente bodeado e disposto a sair. Mas não tinha ninguém. Desespero^3.

Aí de repente me entra alguém com quem voltei a falar recentemente. Aquele tipo de pessoa que você pode até não se falar há anos, mas quando você desembesta a falar com ela, é sempre muito legal e divertido. Sabe aquelas pessoas que não importa muito o que aconteça, por mais que elas "sumam" da sua vida (ou vc da dela) por um tempo, parece que o "destino" (re)coloca elas de volta na sua vida nos momentos mais oportunos? Pois é, é uma pessoa assim que apareceu bem na hora em que eu estava pensando em cortar os pulsos por ter perdido o Noitão (brincadeira gente, pelamordedeus!).

Então eu contei a epopéia para ela. Ela perguntou quais eram o filme e a verdade é que eu só sabia de um - Amor Extremo. Até ontem não tinham colocado a programação inteira no site, então eu nem sabia qual era o tema exatamente desse mês. Fui conferir para dizer para ela. O outro filme era "À Moda da Casa". O tema?

"Dilemas do Amor" (paixões turbulentas e amores divididos).

...

Bem, como diríamos, hum... apropriado para meu "estado psiquico-emocional" atual.

E ainda por cima, no site diz que o Noitão de hoje começa as 23h50. Então mesmo que eu desse uma de louco, talvez eu tivesse me frustrado mais.

E é por isso que eu retomo ao título deste post.

Tem coisas na vida que não fazem muito sentido, e para falar a verdade, não precisam fazer mesmo. Desde que saibamos como estar atentos à tudo e reconhecer (e quando necessário, agradecer) todas as reviravoltas, coincidências, encontros e desencontros que o "destino" nos proporciona.

Eu acho que o Destino está tentando me dizer algo. É preciso estar atento a todos os sinais.

Na verdade, com tanta coisa acontecendo, fica difícil entender o que é. Mas pelo menos você tem aquela "certeza" de que alguma coisa está acontecendo. E talvez eu demore para descobrir. É preciso estar atento, mas é preciso ter paciência também.

Eu sou paciente. Vamos ver o que o destino me reserva dessa vez.

Só não estrague outro noitão desses, ok? Eles só acontecem uma vez por mês.

Para encerrar, aqui vai uma frase de um filme que vi recentemente e que se encaixa (parcialmente) nas palavras que acabo de deixar por aqui. O filme é velho (não antigo, mas não é nada novo) e é o tipo de filme que eu não imaginava que veria, mas valeu a pena ter visto. Não vou dizer qual é. Aqui vai a frase:

"Sorte é quando a preparação encontra a oportunidade".

É isso.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cuide de você

"Sophie

Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.

Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.

Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você.

Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.

Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.

Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.

Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.

Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.

Cuide de você.

G."

Carta de rompimento enviada para Sophie Calle, pelo então amante G (ora X). Depois de receber esta carta, a artista multidisciplinar convidou uma centena (literalmente) de mulheres para analisar e interpretar a carta e seu conteúdo. Cada obra variava de acordo com a profissão de quem havia interpretado. Depois Sophie reuniu as obras e montou uma exposição em 2007.
O nome Cuide de você foi retirado da última linha da carta. Este ano ela esteve aqui em São Paulo, no Sesc Pompéia até setembro, e está atuamente no MAM de Salvador-BA.

Há um blog (http://blog.sophiecalle.com.br/) em que os visitantes que foram à exposição podem enviar suas próprias obras, interpretando como se sentiram depois da exposição. Eu acabei descobrindo essa exposição só depois que ela já tinha partido (um erro de "timing", um desencontro, para variar), mas mesmo assim, acho que vou "roubar" e mandar algo assim mesmo, hehe (SHHH!! só não contem para ninguém!). Depois as obras enviadas serão selecionadas por um curador e montarão uma outra exposição, uma pós-exposição de Cuide de você.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Risos

Rir faz bem.

Rir é o remédio da alma. Talvez cantar também.

O bom de dar risada é que é uma atividade que não exige muito de nós. Internamente e externamente. Quando você quer sorrir, se divertir e ser feliz, você ri. Simples assim. Para rir não é preciso dinheiro, diploma ou influência, apenas o desejo da alma de sentir-se leve.

Isso não significa que rir seja pouco importante, ou que rir seja mundano, ou que rir deva ser subjulgado a todas às outras atividades consideradas próprias de nossa espécie, porque são mais relevantes ou nos trazem bens. De que adianta trabalhar, se o trabalho é um desgosto? De que adianta estudar, se os ensinamentos se esquecerão, as técnicas não serão aplicadas e as memórias somente servirão para deixar saudade? Qual o bem que viver esta vida que as pessoas acreditam ser a "correta" vai nos trazer? Imóveis, carros, propriedades, televisões, geladeiras, computador e uma quinquilharia de coisas que não representam absolutamente nada e não nos definem enquanto pessoas? Que bem há nisso? São apenas "bens" materiais e nada mais.

Por isso rir é tão bom. O riso é despretensioso. O riso é inocente. O riso é até muitas vezes ingênuo, bobo. Mas assim não somos todos nós, lá no fundo? Onde as sombras da alma escondem nossos maiores medos, dores e aflições? O coração é sempre uma criança, cheia de medo, de espontaneidade, de alegria, de curiosidade, de simplicidade. E todos somos crianças, apesar das roupas que vestimos, dos apelidos que herdamos, das coisas que temos, daquilo que fazemos. Todas as "máscaras" servem exatamente ao seu propósito: manter este jogo, esta peça, que hora é drama, hora é comédia, que é a vida.

Há quem diga que àz vezes é melhor "rir para não chorar". O riso é tão poderoso que quando o coração está aflito, a mente confusa e a alma se sente presa tão forte nas profundezas do desconhecido, que nem o choro consegue libertar, é o riso quem surge para quebrar as correntes que prendem a alma às preocupações terrenas. Será o riso então uma dádiva, um milagre, um ato quase que divino? Possivelmente sim.

O riso não tem contra-indicações, nem efeitos colaterais. E não deixa sequelas. Ou deixa, se considerarmos a felicidade e a plenitude como sequela de qualquer coisa. Existem outras coisas que nos fazem bem, que trazem algum prazer ou satisfação. Amizade, amor, sexo, paixão. Entretanto, todas essas coisas, que são tão fortes, tão intensas, apaixonantes e até, por que não dizer, "viciantes", podem deixar feridas. Feridas que demoram para fechar, feridas que às vezes sentimos, mas não sabemos como curar. Feridas que às vezes nem sentimos, mas sabemos que estão lá, e que em algum momento, virão à tona, machucarão a carne e o espírito. E sabe o que é mais curioso? Às vezes nem o tempo, nem o amor conseguem curar essas feridas? Afinal, como curar com amor, uma ferida de amor? Não estou dizendo que é impossível, mas muito estranho, e muito difícil. A verdade, é que o riso tem um poder tão grande que nem o grandioso tempo e o poderoso amor podem negar.

E o mais curioso, é que o tempo nos faz escravo dele. Somos controlados pelo tempo, pela suas artimanhas, pelo seu pesar, pelo medo que ele impõe. Minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. É impossível negar que vivemos marcados e regulados por medidas que sequer existem para a alma. E somos prisioneiros delas. Mas o riso não. O riso pode durar alguns segundos, alguns minutos, ou algumas horas até, mas seu efeito em nós dura muito mais do que seria proporcionalmente coerente, lógico e aceitável. Uns minutos de riso podem mudar sua forma de ver as coisas, de sentir o mundo e então, a forma de viver a vida, de aceitar certas coisas.

Nenhum amor dura apenas alguns minutos ou algumas horas. Amar leva tempo. O amor precisa de tempo. E deixar de amar, é igualmente trabalhoso e tem seu tempo. A paciência é um pré-requisito para o amor. E é fundamental para desfazer um amor também, embora há quem diga que Amor (o sentimento pleno, puro, simples, honesto, divino) não deixa de existir nunca. Pode ser. Mas aqui me referia ao amor, com letra minúscula mesmo. Aquela palavra que serve para definir o sentimento que uma pessoa sente por outra, que envolve outros sentimentos mais mundanos (paixão, atração, afeto). É, o riso é meio impaciente. Ele vem e vai a hora que quer, e deixa seu aviso sem preocupação. Não quer esperar como o amor, mas também não deixa feridas.

Seria melhor rir do que amar então?

Não.

A vida sem Amor, não é vida, é sobrevida (ou melhor seria dizer "sub-vida"?). A vida sem paixão não tem sentido. A vida sem sexo é monótona.

E a vida sem riso? A vida sem riso é monótona e sem sentido, é quase sobrevida. A vida sem riso é infeliz. E ninguém nasceu para ser infeliz.

Todos têm o direito de serem felizes. Todos deveriam ser felizes. Mas eu não posso fazer nada pelos outros.

Por isso eu rio. Às vezes a vida ri da minha cara, e às vezes, quando olho, somente olho as coisas, rio da vida também. E às vezes nós rimos juntos. Pode até ser da cara um do outro, mas se for juntos, não tem problema.

Eu rirei mais.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O que é natural?

O que é natural?

Amor de verdade é intenso
E toda declaração de amor é brega.

Toda partida deixa saudade,
Toda perda é uma dor.

Cada nascimento é uma bênção,
Um milagre.

Para cada encontro, um desencontro.
E todo encontro tem sua beleza.

Partir nem sempre é fácil,
Deixar partir é mais difícil ainda.

Todo olhar sincero esconde algo.
Todo choro preso uma hora sai.

Todo dia eu acordo,
E todo dia eu vou dormir.

O amor é uma coisa maravilhosa,
E é com ele que me deito,
E acordo ao seu lado.

Todo dia eu vivo um pouco,
E morro um pouco também.

O tempo não faz milagres
Nem cura feridas,
O amor,
Sim.

O que é natural?

A dor é inevitável.
O sofrimento, uma escolha.

Não é a rotina que nos molda,
São os nossos hábitos.

Cada dia é uma nova escolha.

Eu acordo todo dia.

(3/11/09)

Novas coisas velhas...

Resolvi que voltarei para cá. Esse lugar tem um significado estranho para mim. Ora diário, ora caderno de rabiscos, ora meu confessionário, ora meu cúmplice mudo.

Se lêem ou deixam de ler, não poderia me importar menos a essa altura. Mas o que isso significa e representa para mim, acho que preciso recuperar. Assim como preciso recuperar a mim mesmo. Tentar me encontrar, para saber o que quero encontrar na vida.

Hoje não vou postar nada muito específico, só esse aviso.

Amanhã começa a jornada (de novo). Vai ser lentamente, meio desajeitado, meio sem jeito, meio sem graça, mas uma hora tudo toma jeito.

E eu? Continuo a vagar pela minha vida. Vou vagar mais um pouco, descobrir o que me motiva, aonde quero chegar, como, em quanto tempo e com que companhias.

Fica o aviso: mais uma vez, mais um ciclo, mais um recomeço, mais uma nova vida. Outra vez.

Abraços a todos