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sábado, 1 de dezembro de 2012

Trapped

The cold chains of fears,
tight ropes and hopes.
The ghost pain draws near,
doubt on faith stomps.

Fixations so dangerous,
for they betray the heart.
Blind pride so venomous 
can break the soul apart.

Right is just one direction,
not a position or a place;
for when it turns obsession,
Left is an objection to face.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Art_fictional


Walking through empty streets
the dull landscape fades
from ether to concrete:
the city is being built

- the world constructs itself,
the codes are loaded,
the parameters are set,
the rules are stablished,
the goals are defined,
the stage is unveiled,
the plot is revealed,
the roles are given -

skyscrapers appear
in clusters of tall jaggy lines,
frames of programed void,
- artificial
intelligence,
- virtual
reality,
a believable
lie.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Saudade

É aquele vento
que balançava seus cabelos
e de vez em quando
vem frio de madrugada

desmanchar os meus pêlos,
tomar-me o direito ao sono,
roubar o calor do sangue,
desestabilizar os ossos,
sufocar os alvéolos,
embriagar os neurônios.

Saudade é idéia que não morre,
a imagem torta pintada
nas paredes invisíveis da confusão.

Saudar sem saúde
a eloquência esquizofrênica
de um sonho senil.

Saudade
é um sorriso
vencido.

The Last Embrace

Edvard Munch - Amor e dor (Love and Pain ou The Vampire)
 
Before you devour me,
before hunger and anger
consume
any trace of sanity,
before the frenzy
- the blood-driven trance,
before you sink your teeth
in my corrupted flesh,
before you dismember me
- in blind ecstasy,
before you feast on my bowels,

can't we just stay a little like this?

Can we just be who we were,
even if it's just for a second?
Before our worlds fall apart,
can you hold me in your arms one last time?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

In every shard of the gem I once carried on my chest...

there's a spark that never fades,
a sapient glitch
- caused by the conflict
(between) joy and pain;
wrecks of code -
a violent virus
that cracks my logic,
refusing to be erased,
forgotten,
ignored.

You are the ghost
that lives
in my shell.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Devaneio Anônimo XIV

Entre
prantos
e cantos,

Tantos
"quantos",
(outros)
desencantos;

Pouco alento
pra
louco intento,

Nenhum
Sol.

Ode to nothing

When I reach to the past,
I see ruins, ghosts and dust.
I now know: nothing lasts,
memory is sin, fever, lust.

All the faces,
all the smiles,
all the laughs
- traces of chemicals
burning in the ether of mind.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Devaneio anônimo XIII

E se a ficção não fosse só invenção?
Se não fossem apenas idéias sobre um
impossível distante
(uma sátira elegante e bem humorada
dos nossos tolos anseios)?
Se a ficção
fosse facto?
Uma memória pesada,
primitiva e inconsciente,
sobrevivente estóico,
porém ignorante
e distraído
de um passado pecaminoso
do qual nunca se ousou falar.
E se a ficção for uma tragédia mitológica
da nossa irremediável natureza?

Tanto amor

Fez seu coração
pequeno
para
sempre amar,
para sempre,
as mulheres
qur já amou.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Invisible walls

You've gone so far away,
where no wave can reach.
My body stood where I fit,
but the mind went astray.

Dreams like stars, swaying
in an ocean of nothingness.
Deep-skin scars unveiling
a broken, ill consciousness.

And in this small room I dwell,
waiting, rotting, drying, aging
under the hiss of doom's spell,
in some darkness never fading.

But there's a place of “what if”,
a secret realm the eyes can't see.
An ethereal prison I'll always be,
where I long for you, my bailiff.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Devaneio anônimo XII


A fragilidade das folhas amarelas
escondia memórias e segredos
(de líquida vida passada)
transpostos nas fibras secas.
Esfarelavam ao toque imprudente
da curiosidade;
nos dedos, o pó do mistério
e fascínio penetrava as narinas
e os poros, despertando os neurônios
perdidos no transe da confusão.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Devaneio anônimo XI

O corpo dói na febre
que derrete os ânimos;
a carne, batida,
traz o gosto forte,
amargo, do martelo
da dor e má sorte;
os ossos, moídos,
liberam o cálcio
à terra, a morte,
desabar do castelo,
ruínas de paz e ócio;
os fluídos escoam,
dos orifícios vazam,
os ruídos de sujeiras
em bueiros ecoam;
o bicho, mole,
não resiste,
cai em desgraça.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Devaneio anônimo X

As pestanas,
duras,
não cedem
à tortura
de quem as mede.

Desespero quieto

A água impiedosa da chuva
atacava o tampo do lixo
a ímpeto ritmado, marcado;
rufando como tambores marciais
pulsando em uníssono com a marcha
dos fantasmas da madrugada.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Nós (O tempo)

O passado será uma história
mal-contada, um boato-ficção.
Um faz-de conta épico,
como cantam as fadas,
cheio de vezes fabulosas
sobre feitos que eram
fatos que nunca foram,
realidades fantasiosas.

O futuro era a ansiedade da promessa,
a agonia da ilusão, a miragem no deserto
do “viveram felizes para sempre”.

O presente é a porta aberta,
escancarada, sem fechadura ou chave,
à espera do improvável
retorno
daqueles que decidiram partir
um dia...

...é o espaço
entre as pernas,
entre os passos,
a vontade que flui
no tornar do compasso,
no desdobrar dos casos,
no riscar dos traços,
no desatar dos laços
entre nós.

Devaneio anônimo IX

Os dias passam
como traços ilegíveis
riscados por mão indecisa
em uma página indecente.

A morte prenunciada,
prescrita
em doses homeopáticas.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Terror III

When they haunt me,
those frightening sights,
there's nothing I see,
numb on sleepless nights.

Devaneio anônimo VIII

Um grito articulado,
cem patas que arranham
a garganta (como aranha
engolida a seco) no áspero asco,
riscam sons sôfregos
com a ponta fina de pena, dura
como pena de morte.

Um grito calado,
oprimido pela força
elástica do sorriso
de músculos rijos
em continência,
capatazes sádicos
da ordem
Sobrevivência.