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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Paixão,

meu amor, é

I.
a costela tua
que perfura
a carne crua,
que costura
a minha tela;
é meu tule à toa
que se mancha
com tua cor,
sem que eu lute
contra costumes
teimosos
de tola dor.

II.
(Por ti sofrer
lentamente,
quiçá morrer
sem ar,
sem chão.)

III.
Corações partidos
- os teus, apóstolos;
os meus, a pústula.

IV.
Patologia da minh'alma,
regato de prantos intermitentes,
mais-valia de vida calma.

V.
O vazio da hora estagnada,
o ócio que corroe os ossos,
iminência fria da estocada.

VI.
Os lábios secos
de agonia pedem:
Oh, sábios ventos!
em sinfonia levem
o tormento vil
da memória
do saber
da história
dos meus nervos.

VII.
O que pregarão
do meu passado
no teu futuro.
Tudo que restou
dos meus atos,
o que se derramou.

VIII.
Chama de lembraça
- a que consome os anos
plenos de esperança;
crédulos, porém insanos.

IX.
Minha ausência
consumada
pelos caprichos
da Probabilidade.
A falta que sentirás
(sinto desde já).
Rezarás pelo meu retorno?

X.
Meu desejo
juntar-me
a Ti.

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