Delírio

Primeiro, desculpem por não postar ontem. Bom, para falar a verdade, é que eu não tava com muito saco de escrever ontem, porque até entrei na internet.

Enfim, segunda eu fui no show do Apocalyptica. Fui assim de supetão, sabia faz tempo que ia ter, mas não havia decidido se ia mesmo ou não e por isso nem tinha comprado entrada. Acabei indo com dinheiro mais que justo para pegar um onibus para Madrid, pagar a entrada a um preço um pouco mais alto do que o estimado (porque normalmente assim é) e outro onibus para voltar. Nem sequer dinheiro para 2 metros eu tinha, então quando cheguei fui andando. E a cagada, quando chego descubro que não havia mais entradas para vender. Fiquei alí parado na porta meio que como um imbecil, e havia mais gente que também queria entradas sobrando. Bom, havia uma mulher que perguntava a todos se tinham alguma entrada sobrando… e ela teve uma puta de uma sorte, porque um cara tinha e deu assim de graça, sem mais nem menos. Havia um casal que não sei porque raios tinha só uma, e então me perguntaram se eu queria, eu disse que sim, claro… eles iriam ver se conseguiam mais uma para eles e se não, me vendiam a que tinham…. Ok, beleza, nisso chega outra mulher que também queria entrada… bom, tinha uma porrada de gente que queria, mas a maioria estava em grupos de dois ou tres pessoas, havia praticamente só eu e essa outra mulher sozinhos que queriam só UMA entrada (bom, tirando a outra que já tinha conseguido a sua). Beleeeeza… aí chega o casal, já desistindo de ver o show e iam me vender sua UMA entrada. Ok, pego a entrada, abro minha carteira e nessa chega um cara perguntando se alguém queria UMA entrada!!!!! AAAAAAAAAAAAAAAARGH!!! Muito sem jeito e sem graça a mulher me pede desculpas e eu faço aquela cara de “Ah, beleza né, tá valendo…” e digo “No pasa nada… aprovechad bien…” e então o casal compra sua outra entrada e aí se vão… Já estavam fechando as portas, eu já puto, e nesse chega outro cara perguntando se alguém queria uma entrada. Aí a outra mulher que queria e que tinha chegado depois de mim (e que estava ao meu lado) já se atira e compra do cara, sem nem me dar tempo de disputar-la…. Eu não sabia o que fazer, se xingava e saia batendo nela ou o que (pior, estávamos aí de boa conversando), mas beleza…. Ainda tinha fé que ia conseguir a minha e efetivamente, um pouco depois, um casal chegou e antes que oferecessem eu já perguntei e consegui. Entrei atrasado por causa dessa putaria toda, mas acho que perdí no máximo uma música. Bom, para falar a verdade, quando entrei e olhei o relógio, eram 22h em ponto, hora que estava previsto para começar, e já tavam tocando, então acho que perdi só uns 3 minutos de música, se perdi algo.

Nem idéia de que música era, tava ainda meio “perdido”, tentando descobrir para onde tinha que ir, essas coisas. Depois de achar um lugar que de longe era pior que qualquer “lugar de merda” (hehehe, tem gente que deve saber a que me refiro), aí fiquei, porque a casa já tava cheia mesmo. O lugar (Joy Eslava) é BEM bizarro…. Tem mais ou menos a dimensão do Olympia (que se não me engano nem assim se chama mais) e logo, mais ou menos a mesma capacidade. O estranho é que é bem no centrão de Madrid e é um edifício antigo. Bom, para falar a verdade, ou era um teatro ou quiseram imitar um, porque tem três níveis, com camarotes e tudo… por isso é meio estranho, tem essa arquitetura e ao mesmo tempo é tudo cheio de neon (como era antigamente no Olympia). Enfim, o show foi bom, apesar de que achei um pouco curto demais (1 hora e vinte minutos mais ou menos). Partes altas: sequência de Somewhere Around Nothing seguida por Seek and Destroy e Bittersweet e a volta para o bis que abriram com Life Burns!. Tocaram algumas que eu gusto bastante, como as já mencionadas mais Enter Sandman e Seeman, que foi a de encerramento também. Eu particularmente gostaria de ter ouvido Faraway e Quutamo, que gosto muito também, essa das próprias. Do repertório cover, achei que faltou ou Nothing Else Matters ou The Unforgiven, mas enfim, não dá para querer tudo né? Foi um bom show, mas vi muito mal, não pude cantar (primeiro porque 80% das músicas não têm letra e depois porque estou com dor de garganta) e tampouco pude gritar (pelo motivo já mencionado). Vi o show de pé, parado do mesmo lugar, mas foi bom. Não deu para “rockear” como normal, mas tá valendo. Uma coisa que eu achei muito ruim foi o fato de não ter niguém para cantar as canções que têm letra. As covers até que o pessoal cantava (no refrão), mas por exemplo Life Burns, Bittersweet e Seeman (bom, tecnicamente essa também é cover!!!) quase ninguém cantava… se ouvia poucas vozes perdidas (e timidas) sussurrando algo. Um pouco triste eu achei. Eu não sei se algum show fodão que eles fizeram eles levaram algun(s) convidado(s) que já tocou(tocaram) com eles para cantar as respectivas músicas em que participaram, e se tem, provavelmente fizeram um DVD, o que eu vou checar e se tiver, é possível que eu compre :P

Ah.. anteontem (terça) não fiz porra nenhuma :P

E ontem: WAAAAAAAAAAAAAAH! Praticamente um mês depois do show foda do DT (foda, não fodílíssissimo), voltei ao Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid para outro

DELIRIUM!

Caraca, que foda… eu poderia tentar descrever como foi, mas seria em vão, é algo que deve ser presenciado, minhas palavras não seriam suficientes para transmitir de fato o que foi. Bom, realmente É BEM diferente de tudo que já fizeram até agora, e é bem o que dizem. O enfoque na música e na dança é o principal, claro, se mantém algo do circo, mas nesse espetáculo o principal é mais a música, a dança e não menos importante, a produção audiovisual. É um MEGA espetáculo. Só para se ter uma noção, o palco deve ter uns 50 metros de largura por sei lá, 15 de profundidade. De cada um dos lados há um “telão” – literalmente, de uns 15 metros de altura (20 de largura e 25 de diagonal). O próprio palco também serve como tela de projeção, ou seja, há uma área total de projeção de mais ou menos 1.350m². Não sei se falo ou não detalhes do show…. melhor não, pode estragar a surpresa caso algum dia alguém vá ver. E por falar em surpresa, há algumas (bom, pelo menos eu tive… quem conhece minimamente os espetáculos anteriores provavelmente vai se surpreender). Foi muito gostoso. Pais, filhos, adultos, idosos, crianças, pipoca, refrigerante e doces!!! HUM!!! E música, muita música. Aliás, que música! É uma jornada musical, há praticamente de tudo. Desde ritmos latinos, passando por pop, eletrônica, rock (e até pode-se dizer algo de metal), etnicas, há de tudo! Ao mesmo tempo, tem um “approach” bem diferente. De longe, acho que é a trilha mais “consumer oriented” deles. No geral, não segue os mesmos moldes que as demais trilhas dos outros espetáculos. A princípio, não é o que se esperaria ouvir do Cirque du Soleil, bem, a princípio. Para falar a verdade não… é difícil explicar, porque ao mesmo tempo que soa muito diferente do que se esperaria ouvir, é bem marcante e característico e apesar de (no geral) não ter o mesmo “feeling” das trilhas anteriores (não que seja melhor nem pior, só é um pouco diferente) isso até que é bom, porque mesmo assim tem algo do estilo, mas com uma cara um pouco diferente.

Me lembrou MUITAS coisas que vi… principalmente esse ano, em meio a “expedição cultural”. Odeio essas críticas idiotas que comparam grupos ou que dizem “isso soa como banda X misturada com banda Y com influências de fulano e bla bla bla” (lembra da crítica idiota que a Carol leu não sei aonde sobre Nightwish e ficou puta, bem na época em que viraram pop com Nemo e iam de show ao Brasil na turnê do Once). Odeio, mas é que eu tive essa sensação, hahaha… algo do tipo “cara, se você misturasse Dream Theater com Bon Jovi com Blue Man Group com Stomp, com Enigma, com Era e desse uma cara Cirque du Soleil, como seria?”… a resposta não é Delirium, porque é algo que tem uma identidade própria, mas por aí dá para ter uma idéia :P

Não vou contar mais para não estragar a possível surpresa de alguém que vá ver qualquer dia que seja. Com isso creio que disse algo mas sem dizer nada muito relevante para o fator surpresa. É como dizer “putz cara, esse filme é show de bola, nossa, os efeitos especiais são uma loucura e a música? Viiixe….. e meu, nossa, aquela atriz tá mto gataaaa!!! PQP! Huahahahaha e ou, o cara lá mandou bem pacas na atuação” e não “nossa cara, esse filme tá irado! Se num sabe meu, tem uma hora que fulano de tal mata ciclano e descobre que era seu irmão e aí o diabo sai do inferno e acaba com o mundo, mas aí o cara descobre que na verdade é um anjo e aí sai de sopapo com o próprio demo e salva o mundo!”…. acho que deu para entender (se bem que em minha euforia eu QUASE acabei falando umas asneiras assim, mas acho que por enquanto é o suficiente).


É isso…. Tem várias coisas que eu quero contar desde que cheguei aqui. Não são fatos pontuais nem nada, só pequenas coisas, alguns pequenos detalhes que vim observando sobre essa cultura, e sobre viver aqui, sobre o que vejo daqui e sobre outras culturas também (principalmente a Mexicana, que é a que mais convivo depois da Espanhola). Há várias coisinhas que queria compartir, e sei lá, por casualidade sempre me esqueço ou quando me lembro fico com preguiça de postar. Aqui vão algumas para começar e para terem uma idéia do que estou tentando dizer.

Uma coisa que descobri é que há muita semelhança entre alguns termos que nós usamos no Brasil e que não se usam aqui com termos que se usam no México.

Aqui se diz “seis menos cuarto”, no Brasil dizemos “quinze para as seis”, e no México é igual (bom, “quince para las seis”).

Outras coisas (BRAS-ESP-MEX):
Carro – coche – carro
Matéria – asignatura – materia
Celular – movil – celular
Computador – ordenador – computadora

Claro, é outro idioma, então se espera que as palavras não sejam iguais… mas sendo latinos os dois, compartem a mesma origem e por isso são tão “parecidos”. Mas além dessas estranhas coincidências entre o “mexicano” e o “brasileiro” (*por mais que pareça irreal, muitas vezes se referem ao nosso idioma assim, como “tu hablas brasileiro, no?” e não como português… eu juro que fiquei chocado… a princípio achei que era burrice e falta de cultura – bom, em alguns casos realmente é… mas me surpreendeu quando um profesor disse isso… o fato é que enxergam as coisas um pouco diferentes aqui…. se referem aos estadounidenses e não aos “americanos”, que nesse sentido dizem que somos todos, e aí eu concordo!) claro que há termos que são diferentes… para todos!

Por exemplo:
Dirigir – conducir – manejar
Ônibus – autobus – camión (essa é a mais estranha para mim)

Mas acho que Metro é meio que universal, hahahahaha…


Outra coisa, nós praticamente não conjugamos nada em 2a pessoa. Bom, eles tampouco. Quer dizer, na segunda do singular sim, na do plural não (aí estamos pior, nem no singular usamos – claro, salvo exceções, principalmente ao sul).
Outra coisa, em comparação aos espanhóis, os mexicanos falam muito “cantado”, com os sons mais abertos, mais largos (prolongados). Os espanhóis falam (relativamente) mais rápido, mais “seco”, com sons mais fechados e mais “duros”. O que realmente é interessante (claro, não sou a primeira pessoa do mundo a notar isso, e é possível que alguém que esteja lendo já tenha notado isso) é que nós com os portugueses é a mesma coisa, a mesma relação (nas devidas proporções)… e convivendo com o Chris (inglês) e com o Richard (americano), dá pra ver que a relação entre americanos e ingles também é a mais ou menos a mesma. O que eu acho curioso é que as vezes é muito difícil para nós entendermos o que um português ou um espanhol falam (ou um inglês), mas entender um mexicano ou um americano é mais fácil (bom, porque meu “inglês” obviamente está mais para o americano do que para o britânico). O que quero dizer é que percebi que as vezes nós (“colonizados”) não entendemos o que eles (“que colonizaram”) dizem, mas eles sim entendem o que dizemos. Aconteceu comigo em Lisboa, vi que acontece o tempo todo aqui com os mexicanos e os espanhóis. E mesmo com Chris, as vezes não entendo o que ele fala (quando conversamos em inglês), mas ele me entende. Claro, é só uma questão de pedir para repetir a palavra (ou frase) umas duas ou tres vezes e aí cai a ficha… tipo “Ah! Ele quis dizer ‘You missed it all’!!!”. E claro, é meio estúpido e meio óbvio, mas a gente sempre acha que todas as pessoas de um país falam igual. Bom, a gente sabe que não, mas no meio da experiência toda não sei porque, acho que é uma coisa meio de que se está tão perdido que se esquece, mas claro, um carioca não tem o mesmo sotaque que um mineiro ou um paulista (nem as mesmas gírias e manias linguísticas). Igual um madrileño não fala igual um catalá, e por aí vai. Vivendo com mexicanos de todos os cantos (bom, DF, Morelia e Guadalajara mais precisamente) também dá pra notar isso.

Engraçado… pipoca aqui se chama “palomita”, que literalmente é “pombinha” (diminutivo de pomba, a ave essa símbolo da paz, do espírito santo, da santissima trindade, do cristianismo - dependendo do contexto). Engraçado... outra coisa que demorei para entender é “sobre” que é envelope (e um dia num lapso muito feio e retardado confundi sobre com postre – sobremesa). Aqui se como bastante pipoca assim pela rua que nem em SP (bom, em alguns lugares né…. se bem que essa é uma tradição que tristemente aos poucos está morrendo). Uma coisa que achei muito curioso é que agora que começou a esfriar, começaram a aparecer várias barracas que vendem batata doce, milho e castanhas assadas. Tipo assim na rua mesmo, assada na brasa, tipo um tamborzão cheio de brasa e aquele cheirinho de castanha, de batata doce, de milho… aquela fumacinha, o calor, os estalos. Bem gostoso, mas bem curioso. Engraçado é o contraste dessa imagem moderna, agitada, cosmopolita com algo assim, tão “caseiro”, rústico, tradicional, e porque não “tosco” (não vou me justificar, abram o dicionário!). Uma que me chama bastante a atenção fica na praça de Callao, bem onde fica a Fnac que eu sempre vou. Aliás, alí é um lugar de contrastes. Vou tirar umas fotos e depois posto.

Aliás, eu sempre fico de escrever algo sobre Madrid mas no final sempre publico só minhas “chorradas” (babaquices). Algo a lá “About Macao”… :P Sempre foi minha idéia desde o princípio e me encantei quando conheci Madrid, e sempre tinha algo novo para contar, mas no final, nunca conto nada. A verdade é que para mim, já não tem o mesmo impacto as coisas, apesar de ainda gostar de observar e descubrir algo novo. Claro, depois de um tempo, as coisas já passam a ser corriqueiras e perdem o “wow”, mas como eu nunca disse nada, para quem lê não faz lá muita diferença, então eu vou contando minhas experiências e observações, mesmo que um pouco atrasado :P

E por falar em Macao, primeiro, um grande abraço pro Antonio, que eu to com uma puta saudade! É uma das poucas pessoas quem eu posso me abrir 99,99% (porque creio que ninguém se abre 100%) e que sempre me ouve, mesmo quando começo a dizer um monte de coisas non-sense que nem mesmo eu sei o que estou dizendo ou me entendo. De qualquer forma, para não deixar as coisas assim jogadas ao ar, sabe o que tem Macau e Madrid em comum? Bom, por enquanto a única coisa que descobri em comum é que começam com M… :D Mentira, além disso, têm uma (letra) A depois do M. E além disso, a primeira sílaba é MA, em ambos os casos (hummm XD). E para finalizar, as duas são formadas por 6 letras e têm duas repetidas (o A em mAcAu e o D em maDriD). Outra coisa que não preciso pesquisar para dizer: as duas cidades são minúsculas. Bom, minúsculo é um termo um pouco vago, mas depois eu digo o quão minúscula é cada uma.

Eu não avisei nem disse nada no começo, mas esse acabou sendo um post meio que grande até. Meu, eu nem acredito que já estamos em dezembro. Aqui temos um feriadão agora (de quinta a domingo, mas eu já emendei a quarta junto, hahaha)… ou seja, essa semana vai passar bem rapidinho, e a próxima também e aí já é Natal e depois já….08! OMFG!!!!! Como?????

Realmente, eu to assustado!

Bom, de qualquer forma, queria saber uma coisa… eu to em dúvida se corto meu cabelo ou não. Eu cortei logo depois do meu niver, ou melhor dizendo, justo antes de vir para cá e estava bem curto, mas desde que cheguei aqui não toquei mais nele. Tá naquele estágio mais escroto de mullet cogumelento cabeçudo tosco…. estou pensando em deixar crescer outra vez, mas não muito comprido, tipo hum… tipo….. sei lá, não muito comprido, não passando do ombro, sei lá. Enfim, as opções para agora são:

A) É, deixa crescer mesmo mano!
B) Raspa tudo! Disciplina e ordem ou vai para a solitária!
C) Sabe, até que não tá tão ruim, mas dá uma aparada…

O que quero saber é, deixo crescer de novo ou não? Ou então, se for cortar, corto bem curto (não careca, mas bem curto) ou tiro um pouco de volume e deixo mais ou menos do jeito que tava logo depois que cortei (tipo no meu aniversário)?

Argh…. Vou matar o post por aqui porque to com sono. É, para falar a verdade, eu escrevi outra vez de madrugada, assim que cheguei em casa depois do show. É, e como eu não tenho internet em casa, só postei agora porque vim para a casa dos mexicanos.

Bom, é isso, um beijo por hora. Aguardem mais e não se esqueçam: dia 15! (Bom, agora só para aumentar a curiosidade, vou mudar um pouco as regras do jogo… PODE SER dia 15, mas pode ser um pouco antes ou um pouco depois – claro, não vai ser um mês depois né). Fiquem espertos!

E por falar em show, vou adiantar que o próximo post vai conter algo sobre shows também. Não sei, provavelmente vou fazer um apanhado geral dos shows que fui. (De uma certa forma, voltando um pouco às raízes do blog, que – para quem entrava muuuuito antigamente e lembra – eu contava minhas idiotices pessoais e reviews enormes e detalhados dos shows que ia… curioso, não tinha planejado isso).

AH! Fui…