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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um conto de fadas e de flores

Estou escrevendo uma pequena história sobre espiritualidade, encontros, desencontros, desejos, anseios, medos, aceitação, desapego, fé e que mais couber entre o divino e o mundano. Não é uma história sobre a Vida, nem a história de Uma vida, mas é uma história, e como história, ela fala sobre alguma vida.

Falando assim parece algo muito ambicioso ou pretensamente grande ou grandiosamente pretensioso, mas não é. Na verdade, é um pouco bobo! No fim, é uma história de amor... e de esperança, talvez.

Por enquanto eu a chamarei de "Um conto de fadas... e de flores".

Eu pretendo que seja uma "série", assim eu consigo escrever e ir soltando por "partes" ou "pedaços" (não quero chamar de capítulos, porque sugere certa linearidade e/ou organização).

Para começar, vou postar uma prévia de uma das partes, que nada mais é do que a introdução da protagonista feminina da série.

Parte I - Introduzindo a protagonista feminina

Ela era um belo exemplar de sua raça e carregava toda a graça de sua espécie. Um olhar distraído poderia injustamente julga-la igual a tantas outras. Os mais ignorantes poderiam até mesmo dizer que ela era "só mais uma". Mas ela não era, apesar de não saber disso.

Convivia sem reclamar com os demais. Sua vida não era ruim, mas tampouco era boa, era somente aquilo que ela havia se acostumado. O mundo para ela era tal qual o via: não havia nada além daquele lugar que os seus olhos conheciam, embora nunca conseguisse se lembrar de quando foi a primeira vez que aquela imagem ficou gravada em sua memória. Estava presa em um mundo que não era o seu, era um mundo qualquer, que estava alí, disponível, e por algum acaso ela o habitava. Todo o ar era uma gaiola, uma gaiola grande, mais ainda sim, uma gaiola e a linha do horizonte era o limite do seu reino. Nunca havia se questionado muito sobre sua existência, apenas continuava respirando como havia sido programada. Era tão livre quanto pensava, e nunca havia pensado na liberdade. Até esse dia.

Perdida em devaneios triviais sobre a água e a grama, começou a acompanhar o vôo hipnótico de um gafanhoto. Ficou uma eternidade olhando o gafanhoto até que se cansou e começou a observar o azul claro do céu da tarde. Logo estaria encantada e perdida novamente no bater das asas frágeis de um besouro. Passou uma vida inteira observando insetos a voar e sentindo o frescor que só as brisas podem oferecer. Nunca teve pressa para nada e com a mesma tranquilidade que sempre carregou, olhou para as nuvens, que se mexiam vagarosas com o vento a altitudes inimagináveis. E em um de seus devaneios, enxegou a forma genérica de sua espécie nas nuvem. Sentiu-se estranha, era como se estivesse enxergando a si mesma ali.

Depois dessa nova e desconcertante sensação de dúvida, a pergunta fundamental bateu os sinos da consciência na pequena capela de sua alma: "o que sou eu?".  Era como se tivesse despertado de um coma. Nada fazia sentido, apesar de tudo ser tão familiar. De repente, começou a estranhar tudo: aquele corpo, aquele lugar, aquelas idéias, aquele céu, aquela voz em sua cabeça que sempre havia falado, mas que só agora ela havia prestado atenção de fato.

Tudo o que havia ocorrido antes desse dia não passava de registros. Nunca teve certeza porque nunca teve uma dúvida. Agora com sua própria existência em dúvida, tinha uma única certeza: embora não soubesse o quê, ela sabia que precisava saber. Uma fome como nenhuma outra crescia dentro dela. Ela queria respostas e queria logo.

A paciência a abandonara. Ou seria o contrário?




Bom, essa é minha pequena prévia da apresentação da protagonista. Ela já tá bastante razoavelmente desenvolvidinha e já tem nome, mas eu só vou postar depois! Hahahahaha

Espero que gostem, embora eu acho que possa estar e soar algo bem cliché a lá livro pseudo-cult e filosófico que não passa de bordões de auto-ajuda baratos, maaas... não ligo, é o que tem pra hoje. E, francamente, não há como inventar algo novo desde a Bíblia (ou quem sabe, até antes), então se conformem com eternas releituras e adaptações dos arquétipos universais transvestidos em ídolos e heróis com os adornos das dores de cada geração.

Até a próxima.

Um comentário:

  1. Cliché ou não, é legal valorizar as idéias que temos! Uma frase que sempre vem na minha cabeça quando eu fico me censurando: "a gente faz o que pode". É simples e óbvia, mas muitas vezes eu me esqueço disso. É o que vc disse: Ninguém faz mágica nesse mundo. Continue escrevendo!

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