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sábado, 18 de junho de 2011

Poema - Ex


Ex

Sou a espada tirada da pedra,
aquela que já reluziu um dia,
que carrega na ponta afiada da língua
as marcas das dores que causou,
das vidas que sorveu,
dos corpos que tocou,
de todo o sangue que por um momento
foi seu.

Sou a fria salvação para alguns,
intocável em um pedestal
de lendas e fantasias.
Mas a realidade é imutável,
sou ferro frio e pesado,
inflexível, uma lâmina.
A redenção é sedenta
e não sou justo ou benevolente.

Sozinho não faço nada,
parado não tenho serventia.
Anônimo ou desconhecido,
não existo,
mas na posse de quem mereça,
posso assistir grandes conquistas.

Que fique claro,
sou voraz como a mão
que me acaricia;
meu preço é caro,
é a dor que alicio
da alma que guio.

E embora eu brilhe ora ou outra,
o interesse que causo
e o apreço que recebo
têm a duração da minha serventia
a meus amos.

Nem toda admiração do mundo
é capaz de mudar o que sou.
Ninguém é capaz de suportar
meu peso por muito tempo.
Minha sede por sangue esgota
os ânimos e leva à loucura.
E quando os danos se tornam
incontroláveis, meu destino
é sempre o mesmo,
ser lançado ao fundo do lago.


Eu não sou o caminho para nada,
não sou o que esperam que eu seja.
Eu não sou Poder,
não carrego força alguma.
Sou o que sou,
um objeto que as vezes fascina,
esperando ser encontrado,
desejando sempre ser usado,
eternamente sonhando
com glórias e reconhecimento.
Uma espada sem bainha.

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