Páginas

terça-feira, 3 de maio de 2011

Poema - Feira das vaidades


Feira das vaidades

Eu me canso do mundo
quando me atiro adentro
e me lanço no profundo
lodo sujo, fedorento.

Mentiras das mais toscas,
ridículas alegrias falsas.
Banquete para moscas,
cutículas, alergias, calças.

Mais banal que banana
gente boçal que não me engana,
pra tolo, burro e trouxa,
tudo que brilha é ouro, encanta.

Só eu não me contento com o que é vil?
O que não é puro não me toca.
Só eu que me atento ao que ninguém viu?

E será que adiantar reclamar,
sentar, escrever, divagar;
escrever versos tolos e rimar?

Admito minha culpa nessa história
em que tudo é sujo, é feio, é escória.
Não sou melhor que ninguém,
não estou e nunca estive aquém.

Também queria eu ser mais feliz,
ser seguro, como quem sabe o que diz;
dar mais cor à minha vida, ser pavão,
enfrentar meus medos, me gabar em vão.

Também sou eu vítima e culpado,
nunca a acreditar, vivendo atado.

Queria eu saber fingir,
mas continuo com a dor
e com ela fico a fugir
em busca do próprio amor.

(30/04/2011)

2 comentários: