A luz indecente
da luxúria solitária
lambe meu rosto sujo
como cinzeiro-lixo.
Seu muco ácido
corrompe
meus sentidos,
dilata
meus vasos,
desloca
minhas órbitas,
abraça
meu descaso;
contamina minha água
com sua sedução solidária,
envenena o poço
dos meus minutos.
Mas a sujeira
que se acumula
sob as unhas,
dentro dos poros,
entre os dentes,
na fragilidade
das gengivas
é persuasiva,
perversa,
persistente,
se sente.
A indiferença
declarada
me conquista
rijo
sem nunca
sequer
me tocar.
Se quer.