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terça-feira, 27 de setembro de 2011

4:44

A luz indecente
da luxúria solitária
lambe meu rosto sujo
como cinzeiro-lixo.

Seu muco ácido
corrompe
meus sentidos,
dilata
meus vasos,
desloca
minhas órbitas,
abraça
meu descaso;
contamina minha água
com sua sedução solidária,
envenena o poço
dos meus minutos.

Mas a sujeira
que se acumula
sob as unhas,
dentro dos poros,
entre os dentes,
na fragilidade
das gengivas
é persuasiva,
perversa,
persistente,
se sente.

A indiferença
declarada
me conquista
rijo
sem nunca
sequer
me tocar.

Se quer.

2 comentários:

  1. Tem alguma coisa a ver com o "4.48 Psychosis" (espero q não...)?

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  2. Na verdade, não! Eu nem sabia o que era até você comentar, aí claro que fui perguntar ao Sr. Google do que se tratava. Vi que tem alguma remota relação sim, mas não foi intencional.

    É difícil explicar. Tem toda uma coisa "mística" por trás. Não sei porque, mas 4 horas da manhã é um horário estranho para mim. Mesmo que eu passe a madrugada inteira acordado, que só vá dormir sei lá, as 10h, 11h, ou que seja as 7h, 8h, 9h... não importa, sempre esse intervalo de tempo das 4h às 4h59 tem um peso estranho demais. É um horário maluco, eu sinto o tempo passar diferente, eu me sinto diferente, não sei, não dá para explicar.

    E aí em várias ocasiões eu me peguei pensando coisas parecidas, ou escrevendo, ou delirando e quando batia o olho no relógio: 4h44. Aí quis tentar expressar o que é essa hora tão estranha e acabou virando isso.

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