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terça-feira, 1 de março de 2011

Poema-devaneio - O Horror


Devaneio: O Horror

Não há lágrimas de desabafo,
lamento ou tristeza;
nem gritos de raiva,
dor ou desespero;
não há passeatas,
versos ou discursos
que possam manifestar
verdadeiramente
o que sinto.

A dor é minha,
é de todos e é de ninguém.
A Lei é do Homem,
e a Justiça?

Dos delitos mais simples
às consequências
das condições criadas
pela nossa hipocrisia particular,
por pseudo-necessidades,
por dor,
a única resposta que obtenho:
Somos todos animais.

Nossas instituições
são todas fraude.
Nossos anseios,
todos primitivos.
Nossa realidade,
verdades calcadas em mentiras.

Somos todos cegos
e surdos.
Mudos não,
e não mudamos.
Não calamos
e consentimos:
a vida é cruel.

Até que ponto vale
o Livre Arbítrio?
Qual a falha
de nosso programa?
Quem é o senhor
do Ser?

Pecado.
Criação do Homem,
não de deus.

A realidade é triste.
Somos todos mentecaptos,
falhos, deficientes,
incorrigíveis;
peças belas e defeituosas,
protótipos incompletos
de um sistema Perfeito.

Vivemos pela dor,
morremos por amor.
O Belo é vão
e o desforme tem valor.

Tome suas pílulas,
que a dor é excruciante.
Engane sua mente,
minta para seu coração,
mas tenha a coragem de assumir
que você também é horrível.

Tudo é um único Caos.

Minha mente é quimera,
Meu silêncio, um grito.

Grite pela vida.
(28/02/2011)

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